AUTOCONHECIMENTO
Durante demasiado tempo, acreditei que vivia aquilo que merecia e de que os sonhos eram para permanecer nas páginas do meu diário.
Sempre me fiz crer, de que não era suficiente. Não culpo ninguém (agora que tenho confiança em mim), pelas situações que me permiti viver.
Pelas vezes que me sujeitei com migalhas, quando lá, no fundo, sabia que merecia o caviar!
Sujeitava.me a relações tóxicas, violentas a todos os níveis.
Pessoas que também precisavam de muita luz na vida delas e que ajudaram a que eu apagasse a minha.
Cresci com as crenças e traumas da minha família, mas nunca me convenci de que a vida devia ser de sofrimento, de comer e calar.
A minha mãe sofreu de violência doméstica, até aos meus 3 anos (segundo relatos). Eu e o meu irmão, escondíamo-nos debaixo da cama, sempre que o meu pai chegada bêbado a casa.
Quando se separaram pouco depois, nunca mais tive contacto com ele.
Ainda bem que não me lembro, das vezes que me arrastava, bebé, para os bares de alterne que frequentava e onde exibia o seu troféu!
Sempre que batia na minha mãe, por esta tomar banho para ir trabalhar. Os ciumes eram doentios...
É importante recuperar o passado, perceber os padrões que se repetem e arrumar de vez esses acontecimentos que já não nos definem. Bagagem que não devemos mais carregar...
Daí escrever a minha história de vida, ter sido tão importante, no meu processo de autoconhecimento.
Essas crenças sempre lá estiveram e foi esse mesmo tipo de pessoas que sempre atrai para a minha vida. Fugi da Irlanda e do pai do meu filho, tinha o André 2 anos.
Ali vivi o melhor e o pior de mim...
Mas a força de uma vida inocente que dependia de mim, fez-me ganhar coragem e fugir daquilo.
Vícios de jogo, álcool, violência física e psicológica, que me fizeram perder completamente todo e qualquer amor-próprio. Já nem sabia quem eu era, já nem fazia sentido cá andar...
Engordei mais de 20 kg, esqueci-me completamente de mim. Depois o mesmo padrão começou a repetir.se quando me estabilizei em Portugal. Com a agravante de excesso de peso e falta de autoestima. Conheci alguém, uns anos mais tarde e muitas vezes (após vivermos juntos), chegava ao emprego, com um olho negro e o cabelo a cair de tanta pancada.
Não contava a ninguém, tinha tanta vergonha, mas, simultaneamente, não saia daquilo.
Certa vez, praticamente todos os meus amigos e família deixaram-me de falar, enquanto vivesse com fulano y. Mas quando andamos adormecidos de quem somos, não vemos nada. Todos os dias apresentava o mesmo sorriso e bom humor, no Banco onde trabalhava. Recordo.me de alguns colegas, dizerem - Eu gostava era de ser como a Mónica, sempre de bem com a vida. Mal sabiam que nessa noite mal tinha dormido de tanto chorar de dores e remorsos por permitir ao meu filho viver aquilo.
E acordava a 7 da manhã para deixar o André na creche como habitual e preparar.me para demorar uma hora a chegar ao emprego. Do Barreiro para Lisboa, todos os dias. Eu respondia sorridente – Se soubesses da minha vida, atiravas-te da ponte!
Era tão verdade isto, mas felizmente ninguém me levava a sério. Nunca quis chatear os outros, com os meus problemas e cortar a boa vibe dos encontros de amigas.
(Muitas amigas minhas, só souberam dos pesadelos que vivi, quando leram o meu livro).
Até que tive que mudar de instalações, por ser agredida por ele no emprego. (Só porque não atendi o telefone).
Mais de vinte anos a educar um filho sozinha, a viver com 700 euros por mês e a passar noites em claro a pensar qual a logística a fazer para comer e pagar contas. Vibrava na escassez, na frustração de ainda não ser financeiramente independente e depender da minha mãe para viver.
Arrumei e sou grata por todos esses capítulos da minha história de vida, pela mãe incrível que tenho e que tudo retribui em amor, carinho e atenção! O melhor que posso!
Hoje sei o que quero para a minha vida. Sei aquilo que mereço e nunca desisto do que é melhor para mim e para os meus.
Há 6 anos, terminou a minha última relação. Foi duro! Sentimento de fracasso, mais uma vez, quando tudo o que queria era uma família normal e tranquila. Fiquei com tanta raiva, rancor e ódio, Desiludida, frustrada e infeliz... que chegou um dia, em que a única saída, era sair dali.
Foi uma questão de sobrevivência, aquilo matava-me lentamente.
Para estar bem com o mundo, precisava estar bem comigo e ter estabilidade emocional para educar o meu filho.
O autoconhecimento, a meditação e a escrita, SALVARAM-ME A VIDA!
Quatro anos de recolhimento, estudo e meditação. Reaprender a viver e renascer para a Mónica, que nunca tinha conhecido. A minha melhor versão!
Hoje, uma mulher confiante de todo o seu potencial. Orgulhosa e com sentimento de dever cumprido, na tarefa mais desafiante da minha vida! EDUCAR!
De tudo aquilo que é merecedora, carregada de amor-´próprio e alegria de viver.
Pronta para os desafios da vida!
Desengane-se quem achava que fui sempre fui assim, um BUDA!
Autoconhecimento é este trabalho constante de desenvolvimento pessoal. Dá trabalho, requer disciplina, persistência, mas vale tanto a pena! Aliás é a chave da felicidade.
Para podermos viver a nossa melhor versão, em paz connosco e com o mundo.
Um resgatar da nossa essência, unindo tudo o que fomos, a tudo o que somos.
CONFIANTES DE QUEM QUEREMOS SER!